CAPÍTULO I: A INFÂNCIA E JUVENTUDE DE MARCIA KARLA
Março de 1982 nasce num povoado em Santa Rosa dos Perus no Acre uma menina chamada Márcia Karla. Por ironia do destino sua mãe sofre de complicações no parto precário que fora realizado e morre, deixando a pobre garota sozinha no mundo, pois era mãe solteira.
Márcia foi criada por duas tias solteironas Jurema e Juscelina que sempre treinaram a menina para os serviços domésticos, dando-lhe vassouras e esfregões como brinquedo, vestindo-lhe miseráveis vestidos de xita e privando-a de uma boa educação. Como beatas que eram tinham o desejo de mandá-la para o convento quando completasse dezoito anos.
Conforme Márcia foi crescendo suas tias a exploravam cada vez mais, sempre aumentavam os trabalhos domésticos, a sobrinha fazia de tudo, cozinhava, esfregava o chão, lavava roupa, cuidava da roça, das vacas, porcos e galinhas. As tias apenas fingiam que rezavam rosários intermináveis e na verdade ficavam na janela a procura de um viúvo rico, mesmo sabendo que ele nunca apareceria.
Aos 12 anos Márcia acorda assustada vendo que seus lençóis estavam sujos de sangue, desesperada acorda Juscelina que irritadíssima por ter ser sido incomodada por algo tão banal surra a menina sem dó e piedade e a faz lavar todos os lençóis em plena madrugada. Esses eventos aconteciam todo mês e a pobre garota sem entender o que acontecia sempre era castigada pelas tias. Até que um dia Márcia fala com sua vizinha Jaqueline que a explica porque todos os meses ela sangrava.
Jaqueline tinha 15 anos e era obrigada pela mãe a se prostituir aos caminhoneiros pela quantia de vinte reais, os programas muitas vezes aconteciam debaixo de um pé de arvore. Assim que se tornou moça , Vanuza sua mãe viu em Jaqueline uma forma de ganhar dinheiro, e assim sustentar seu vício pelo álcool (já que o bossa família ainda não tinha sido criado naquela época). Jaqueline era filha de um caso que Vanuza teve com três boliviano chamados Alejandro, Fernando e Roberto. Por não saber quem era o pai da sua filha, essa mulher nunca a amou. A moça era bonita, tinha belos olhos verdes e um longo cabelo louro, sua beleza não era tão evidente devido os maus tratos que ela sofria.
Márcia Karla era proibida de falar com Jaqueline, pois suas tias a consideravam uma má influencia para uma menina que iria torna-se freira no Convento de Nossa Senhora do Carmo. A pobre garota não tinha nenhuma vocação, mas sentia-se obrigada a seguir esse caminho por causa das tias e achava que se não o seguisse tornaria – se uma pecadora e queimaria no inferno, já que suas tias sempre diziam-lhe essas palavras. As tias falavam também que se ela se relacionasse com Jaqueline ela seria uma oca e portanto não seria digna do descanso eterno.
Aos quinze anos Márcia não sabia ler, nem escrever, sabia apenas contar até dez, nunca assistia televisão e alem das obrigações de casa, tinha que rezar o rosário todas as noites ajoelhada no milho. E assim a menina foi vivendo, sem nunca ter ido à escola e muito menos namorado.
Aos dezessete anos Márcia conhece Pedro Jorge, e fica apaixonada por ele, mesmo sabendo que seria severamente punida caso suas tias descobrissem. Influenciada por Jaqueline todas as tardes enquanto as tias saiam para igreja, Márcia encontrava Pedro Jorge e juntos eles viviam um lindo e proibido romance.
Pedro Jorge era moreno, alto e forte, filho de um fazendeiro da região Gonzaga Martinez, tinha 21 anos e estava sendo forçado pelo pai a cursar a medicina em Rio Branco contra sua vontade, pois ele sempre sonhou ser campeão de vaquejada.
Chega o esperado dia e Márcia Karla completa dezoito anos. E agora o que vai acontecer? Será que a moça irá para o convento, ou irá viver seu amor proibido com Pedro Jorge? Saiba disso e muito mais no próximo capítulo de NO CORAÇÃO DO ACRE.
Por: Granulado